sábado, 13 de abril de 2013

Artigos Científicos

Artigos Científicos sobre saúde mental:
Avanços da saúde mental e seus reflexos na enfermagem


Os sistemas de saúde de muitos países, inclusive os do Brasil, têm passado por importantes reformas que buscam melhorar não apenas sua relação custo-benefício, mas, principalmente, a cobertura da atenção básica, a gestão descentralizada, a melhora na qualidade do cuidado e o aumento da participação da comunidade.
Tais mudanças têm atingido todo o sistema de saúde brasileiro, especialmente a saúde mental que, nos últimos cinqüenta anos, tem vivido o movimento mundial de reversão do modelo manicomial cujo impulso político teve como marco a Conferência de Caracas para Reestruturação da Assistência Psiquiátrica na América Latina. Este desencadeou importantes experiências alternativas e iniciativas regionais que estão transformando as organizações, sua operacionalidade, principalmente, a ideologia e os paradigmas conceituais que os sustentam.
No Relatório de Gestão 2003/2006, da Coordenação Geral da Saúde Mental do Ministério da Saúde, aprovado em fevereiro de 2007, encontra-se uma súmula com resultados que retratam as conseqüências da luta antimanicomial dos últimos cinqüenta anos.
Nesse documento, enfatizam-se os avanços na construção da rede de atenção de base comunitária, com expansão e consolidação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) em todo o país, as residências terapêuticas, ambulatórios, centros de convivência, hospitais de semi-internação e demais articulações intersetoriais. A grande vitória destacada desse documento é a diminuição progressiva dos macro-hospitais, fechando aqueles em condições precárias, diminuindo os leitos.
O final do ano de 2006 marcou como dado histórico a efetiva reorientação de financiamento do governo em saúde mental, ou seja, se há dez anos os gastos hospitalares eram de 93,1%, hoje, 51,3% destinam-se aos gastos extra-hospitalares e 48,7%, aos gastos hospitalares.
Os gastos com CAPs que, em 2002, eram por volta de 7 milhões de reais, cresceram visivelmente e hoje estão próximos dos 170 milhões de reais.
Tais dados são a materialização da mudança do modelo assistencial que desloca os recursos financeiros e humanos para a comunidade, com reflexos nos contornos sociais, incluindo novas parcerias e modificação de valores, diminuindo o estigma e incentivando o pacto pela vida, não pela exclusão.
Nas orientações das ações da Enfermagem de Saúde Mental da OPS, consta que o pessoal de enfermagem representa entre 50% e 80% da força de trabalho nos serviços de saúde mental. Seja no papel de gestor, de membro da equipe em contato direto com o portador de saúde mental e seus familiares, seja na supervisão dos auxiliares e técnicos de enfermagem, ou na determinação do projeto terapêutico para cada pessoa sob seus cuidados, o enfermeiro é elemento chave neste processo de mudança de paradigma.
Tudo isso exige continuidade e sustentabilidade que atinge a enfermagem tanto nas questões de tecnologia do cuidado geradas no dia-a-dia da construção de novo modelo de assistência, como nos projetos educacionais e científicos.
Hoje, espera-se que o enfermeiro seja capaz de identificar e manejar, ou encaminhar adequadamente os casos de manifestações mentais em qualquer especialidade e situação de atenção à saúde, e que os enfermeiros psiquiátricos e de saúde mental estejam preparados para cuidar da pessoa afetada em todos os níveis de atenção.
Portanto, é necessário integrar os resultados das novas experiências da prática e as contribuições da Ciência nos programas de educação tanto para a formação básica do enfermeiro, como nos programas de educação continuada para os enfermeiros que atuam na assistência e em programas de pós-graduados.
Ribeirão Preto, 21 de março de 2007.
Prof.ª Dr.ª Antonia Regina Ferreira Furegato Prof.ª Titular do Depto. de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
Universidade de São Paulo

Rev. esc. enferm. USP vol.41 no.2 São Paulo June 2007
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342007000200001 

A epistemologia da enfermagem psiquiátrica e saúde mental: a necessidade de construção de competências na formação do enfermeiro
 NOTA PRÉVIA
Trata-se de um estudo para elaboração de tese de doutorado que elegeu como tema o ensino de enfermagem em psiquiatria e saúde mental, focalizando a educação para a mudança. A formação de enfermeiro exige do educador, cada vez mais, reflexão crítica sobre sua prática, num movimento dinâmico e dialético entre o fazer e o pensar sobre esse fazer. Acreditando nesta afirmativa, repensamos a epistemologia da enfermagem psiquiátrica e saúde mental sob um novo foco da educação, que está direcionado para a aquisição de habilidades no campo afetivo, cognitivo e psicomotor e para a mobilização do conhecimento diante de situação real. Ambos os focos, ao mesmo tempo, irão constituir a competência do profissional. No estudo que pretendemos desenvolver teremos como recorte a reprodução do conhecimento de enfermagem psiquiátrica/saúde mental, interessando-nos as situações de sua efetiva aplicação. Para tanto buscamos em Perrenoud (1999) a definição de competência como a capacidade de agir eficientemente em uma situação real, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para enfrentar ou solucionar determinadas situações com pertinência e eficácia mobiliza-se vários recursos cognitivos, como saberes, capacidades, informações e outros. Tal conceito de competência pode indicar um caminho para reverter a atual situação do ensino nesta área, que por várias razões, explicitam uma dicotomia entre o saber reproduzido nas escolas e o praticado na assistência ao doente mental, resultando na formação de profissionais acríticos e pouco atuantes politicamente. Formulamos como objetivos para a pesquisa: identificar a representação sobre competência junto aos sujeitos da pesquisa (docentes e enfermeiros de campo); analisar os conhecimentos necessários e as habilidades que devem ser desenvolvidas pelo enfermeiro para a construção das competências de intervenção no processo saúde-doença, para o ensino da prática de enfermagem psiquiátrica e saúde mental; identificar limites e possibilidades para a construção de competências a partir das representações dos sujeitos trabalhadas nos grupos focais e do referencial teórico "pedagogia das competências". É uma pesquisa de abordagem qualitativa, cujo referencial metodológico seguirá a dialética marxista para a investigação do objeto e, como balizas para o conhecimento do mesmo, utilizaremos as categorias analíticas Práxis e Relações sociais de produção. Serão sujeitos, docentes da EEUSP e enfermeiros dos campos práticos utilizados pela mesma escola.
Rev. esc. enferm. USP vol.38 no.3 São Paulo Sept. 2004
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342004000300014 
Roselma LuccheseI; Sônia BarrosII
IEnfermeira, professor M III, do curso de Enfermagem da Fundação Educacional de Fernandópolis. Mestre em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem da USP (EEUSP). Doutoranda do Programa Interunidades da EEUSP roselma@acif.com.br
IIEnfermeira.Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica da EEUSP. sobarros@usp.br




Processo ensino aprendizagem em saúde mental: o olhar do aluno sobre reabilitação psicossocial e cidadania
Sônia BarrosI; Heloísa Garcia ClaroII
IProfessor Associado do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Materno Infantil da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. sobarros@usp.br
IIEnfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. heloisa.claro@usp.br

As políticas de Saúde Mental vigentes no país confirmam necessidade de estimular práticas de ensino, pesquisa e extensão que favoreçam novas atitudes profissionais. Estudo anterior revelou que a representação de alunos sobre competências necessárias na saúde mental, conforma categorias sobre conceitos de competência, recursos cognitivos, sentimentos expressos e conceito de saúde e doença, não se depreendendo temas relacionados à Cidadania ou à Reabilitação Psicossocial dos usuários, conceitos centrais no ensino da disciplina. Neste estudo, analisou-se a representação sobre estes conceitos, sobre os saberes e habilidades identificados como necessários para a prática da Reabilitação. Os entrevistados cursaram a disciplina de Enfermagem em Saúde Mental de uma universidade pública e os resultados mostram valorização das demandas dos usuários, no entanto, as representações sobre cidadania e reabilitação psicossocial sustentam-se no senso comum relacionado à periculosidade e à direitos básicos como à saúde e lazer.
Rev. esc. enferm. USP vol.45 no.3 São Paulo June 2011
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000300022 



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